Futuro até quando?
Vou ser honesto, se me perguntar as novidades da próxima versão do Android não lhe consigo dizer.
O meu desinteresse pela plataforma tem crescido nos últimos anos depois de ver a comunidade mais focada na criação de uma arquitectura, ou de um padrão de desenho, que cubra todos os casos possíveis de uma aplicação móvel do que na experiência de utilização ou em novas formas de interacção.
Esta situação é, paralelamente, acompanhada por uma estagnação das próprias plataformas móveis cuja maturação ao longo dos anos permitiu identificar quais os hábitos mais comuns dos utilizadores e quais as experiências que mais fazem sentido em dispositivos móveis.
Ao mesmo tempo, muitas empresas chegam à conclusão de que é financeiramente mais exigente desenvolver aplicações nativas dedicadas, quando o objectivo é disponibilizar o mesmo conjunto de funcionalidades num máximo de plataformas possível. Mesmo em empresas com muito investimento, as equipas de desenvolvimento vão sempre, e compreensivelmente, prioritizar funcionalidades passíveis de ser implementadas em ambas as plataformas, em vez de tirar partido das características especificas de cada um dos sistemas operativos.
Esta realidade, bem como a constante dessincronização do desenvolvimento, força as empresas a equacionar alternativas multi-plataforma, que apesar de não serem um conceito novo, têm vindo a ganhar cada vez mais força nos últimos tempos. Curiosamente, várias vozes nas comunidades de desenvolvimento (desde Rui Peres a Luis G. Valle) começam a equacionar, e até a apelar, à sua utilização.
Se excluirmos a manutenção e a dificuldade de recrutamento, um dos argumentos mais fortes contra esta adopção é, e justamente, a perda de qualidade na experiência de utilização. Porém, eu pergunto. Será que os utilizadores irão notar, ou até desinstalar uma aplicação, se esta for a única que oferece certa funcionalidade ou conteúdo em relação aos concorrentes, mesmo que a sua experiência seja ligeiramente inferior? Na minha opinião não.
O Android 11 é o futuro do sistema operativo Android para os utilizadores, mas as suas novidades são praticamente irrelevantes para as empresas. Em contra-partida, as soluções multi-plataforma ganham cada vez mais espaço dentro das comunidades de desenvolvimento e tornar-se-ão cada vez mais relevantes nos próximos anos da indústria.