Oferta maior que a procura

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A crise iniciada pelo coronavirus em todo o mundo, forçou governos a adoptarem medidas de apoio financeiro às empresas que tenham encerrado ou colocado em suspenso parte das suas actividades devido ao estado de emergência.

Com a criação de medidas de forma apressada, dado que as circunstancias assim o exigiam, não demorou muito até aparecem relatos de empresas IT em Portugal a tentarem aproveitar-se de um apoio estatal para suportar os seus custos fixos, ao declarar o layoff dos seus colaboradores mas exigindo que continuassem a trabalhar.

Por outro lado, em Inglaterra existem alguns casos de empresas a colocar de forma rotativa os seus empregados em furlough (equivalente a layoff em Portugal) por períodos de três semanas. Esta solução, em teoria, permite manter os colaboradores e reduzir os custos de forma significativa durante este período mas na prática também serve para verificar se as empresas se conseguem adaptar com menos pessoal.

Mas mais preocupante são os casos das multinacionais. Com uma mistura de furlough e redundâncias, a Deliveroo ja dispensou mais de 400 trabalhadores, a Airbnb fez o mesmo a 1/4 do seu staff (1900 pessoas) e o Uber, segundo as últimas notícias, vai chegar a um total de 6700 colaboradores.

Estes números revelam a dependência financeira a capitais de risco que já à muito se sabe. Em alguns destes casos, é inegável que a crise tenha causado grandes danos financeiros, mas não terá também servido como justificação para um plano de redução pós-blitzscaling?

Estas mudanças repentinas transformaram a realidade do mercado de IT como nunca se tinha visto até aqui. Pela primeira vez, milhares de empresas suspenderam os seus planos de recrutamento, à excepção das gigantes da tecnologia, e dezenas de milhares de profissionais estão agora à procura de uma nova oportunidade.

Esta nova realidade leva-me a crer que num futuro próximo, ocorra uma queda nos salários dos profissionais de IT devido ao aumento da oferta e à redução abrupta na procura. E o impacto do tele-trabalho? Tudo dependerá de quanto tempo durar a crise mas o tele-trabalho só irá ajudar a acelerar esse processo já em andamento.

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