Unicórnio em menos de um ano

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Nem um mês passou desde o seu lançamento em Abril de 2020 e o seu valor já era de aproximadamente 100M$. Com apenas dois programadores, Clubhouse tornou-se num fenómeno interessantíssimo porque à primeira vista não se percebe como não existia já uma solução semelhante no mercado. Mas analisando em mais detalhe, entende-se que o seu sucesso advém de três factores: a promoção por investidores de alto perfil da indústria tecnológica, discussões e entrevistas com celebridades internacionais e acesso limitado devido à escassez de convites.

Tal como outros, também eu fiquei entusiasmado quando li sobre o conceito da aplicação, ao ponto de imaginar novas formas de conteúdo. A natureza momentânea e (em alguns casos) esporádica das sessões, forca os utilizadores a adaptarem os seus horários com medo de não perderem conteúdo que seja do seu interesse. Por outro lado, a impossibilidade de gravação garante também (em teoria) uma maior liberdade no discurso entre os participantes, o que torna o produto ainda mais atractivo, especialmente numa altura em que é cada vez mais necessário ter cuidado com tudo o que fica publicado na internet.

A dificuldade em descobrir boas sessões, não só com bons tópicos mas também com bons painéis, e a impossibilidade de saltar intervenções menos interessantes fez-me perceber que possivelmente não sou um dos seus utilizadores alvo. Aliado à constante paranóia de ter o microfone ligado e a limitação de lugares em algumas das sessões, como a de Elon Musk, fez com que já não abra a aplicação à mais de um mês. A falta de uma versão Android significa também que apenas possa utilizar a aplicação com um numero reduzido de amigos.

Como plataforma em si, Clubhouse não tem grandes segredos. Desenvolvido em apenas uma semana segundo Justin Caldbeck, um dos seus investidores, Clubhouse é uma aplicação móvel que tira partido de uma tecnologia criada por uma startup chinesa, de nome Agora.io, que se foca em software de voz e áudio em tempo real, híper escalável e disponível para todas as plataformas e sistemas operativos. Este pormenor importante, leva-me a crer que existe uma grande dependência sobre um software proprietário que sob o qual o Clubhouse não controla. Assim, o valor astronómico que hoje lhe é atribuído, só se pode basear na quantidade de utilizadores e nas funcionalidades disponíveis mas não na tecnologia de aúdio que está no centro da experiência.

De qualquer forma, tenho convites disponíveis se o leitor estiver interessado.

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